Vivo

Estive marcado para morrer e mesmo assim vivo
Vivo por que fui sincero
Não levei comigo a hipocrisia
Vivo por que cultivo o amor
Vivo por que me descubro todos os dias
E por que tenho uma causa para lutar.

Vivo por que sonho
E acredito no sonho
Vivo por que meu Deus é o Deus dos pobres
Dos pobres esfoliados
Execrados da sociedade
Aqueles que ficam "empilhados"
Nos últimos vagões do trem das classes
Ou nos porões
Vivendo com os ratos
Ou como ratos.

Mas ainda assim vivo
Por que não adianta desconfiar
E não ter coragem e ousadia de transformar.

Sossego daqueles de outrora não encontro jamais
E ainda assim vivo
Torneando esperanças
Da novidade tornar-se absoluta
Do sonho ser realizado
Do passado ser bem lembrado
E novamente esquecido em função do futuro.

Assim vou vivendo
Intermináveis dias de alegria
E outras de ardor
E luta.

Mas ainda assim cabe um sorriso lindo
Todo bobo.
Vivo.

Fernando Zamban